O caso SYNCROMAX da Atech

A mídia tem abordado diversos aspectos da crise aérea no Brasil. Nesse contexto podemos observar que existe diversos órgãos envolvidos em um sistema complexo. Muitos são os interesses, tanto políticos quanto empresariais, e também da sociedade em geral, que deveria nortear todos os demais, uma vez que o sistema existe para atender a população. Mas, o que vemos muitas vezes são interesses coorporativos ou até particulares prevalecendo em detrimento dos interesses da Nação.
O Comando da Aeronáutica tem demonstrado grande esforço no intento de organizar o complexo sistema dentro da área de sua alçada, que é a mais importante pois é dele a responsabilidade de comandar o Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB).
Voltando a nossa história, em 2001 com a criação do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DCEA) houve a necessidade de se criar um Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA) com a missão de “disponibilizar, em tempo real, informações de nível gerencial sobre o estado da demanda atual e futura de tráfego aéreo, o funcionamento dos meios do SISCEAB e indicadores de qualidade confiáveis.” Para esse intento se tornar realidade era necessário usar um software que há oito anos estava sendo desenvolvido pelo ICEA (Instituto do controle do Espaço Aéreo) e foi transferido para a responsabilidade da Fundação Atech, aquela instituição sem fins lucrativos criada para substituir a Empresa Esca depois de sua falência, voltada principalmente para implantar o projeto SIVAM. O caso é que o software desenvolvido pelo ICEA foi esquecido e outro software foi pago para ser desenvolvido, por quê?
A esse respeito surgiu um fato novo no plenário 09 de 28 de junho de 2007 da CPI - Crise do Sistema Tráfego Aéreo, onde o funcionário civil e Analista de Sistemas Vinícius Lanzoni Gomes dispara contra o SYNCROMAX, software da Atech, a acusação de que o sistema não é eficiente e “só cobre localmente, não cobre remotamente”. Em relação a transferência do sistema do ICEA para a Atech ele diz: “todos perdemos muito. Agora quem ganhou, eu não sei, tem de investigar”. Para comprovar estas acusações Vinícius cita que foi convocado para uma missão na 1ª posse do presidente Lula, considerando que o congestionamento no dia da posse era algo esperado, ele deveria ativar seu sistema, que estava incompleto por ter sido interrompido por ordem superior, mas que nesse momento ajudaria a evitar acidentes. Cita também o uso desse software clandestino para tapar furo em duas outras ocasiões: em 2004 durante visita oficial da administradora do FAA (Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos), e na Operação Escudo, em 2005, durante a reunião de cúpula entre os países árabes e da América do Sul. Segundo Lanzoni, o sistema contribuiu decisivamente para o "caos aéreo" no País. "A morte de 153 pessoas no acidente da Gol poderia ter sido evitada se tivessem dado continuidade ao sistema desenvolvido no próprio Instituto de Controle do Espaço Aéreo", Lanzoni afirmou aos parlamentares. Cogita-se que o sistema tenha custado cerca de US$ 12 milhões, mas não há confirmação.
O Comando da Aeronáutica sempre desenvolveu um brilhante trabalho em relação a proteção ao vôo no Brasil, mas carece de meios e de investimentos bem direcionados, valorizando seu trabalho e dando ênfase às suas prioridades. Desde dezembro de 2002 com a criação do “Plano Nacional de Implementação dos Sistemas CNS/ATM” a Aeronáutica demanda esforços para a plena realização do plano, no entanto tropeça em situações como a descrita acima.
O problema citado acima, envolvendo a posse do presidente Lula, me faz pensar em como tem sido sua atuação em relação a condução das políticas para o desenvolvimento deste Plano criado para ser implementado durante seu governo. Veja na próxima edição.

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